CRIANDO,PRESERVANDO,FUTUROS CAMPEÕES

 TENTAÇÃO DOS REMÉDIOS: - praticado sem critério, a automedicação oferece peridos à saúde. Mas com responsabilidade, pode trazer alívio, economizar recursos e evitar sobrecargas ao sistema de saúde, O importante é saber até pode ir. Por Cristina Nabuco - publicado na revista  CLAUDIA/SETEMBRO/2014.

Quem nunca tomou um comprimido contra dor de cabeça ou cólica menstrual sem o aval do médico?. Ou ingeriu um remedinho para dormir que saiu da bolsa de uma amiga prestativa? O hábito de se automedicar e embarcar nas indicações de leigos faz parte da  nossa cultura. Foi o que comparou uma pesquisa divulgada em maio. Os brasileiros que utilizam fármacos sem prescrição chegaram a 76,4% no levantamento pelo Instituto de Pesquisa  e Pós-Graduação do Mercado Farmacêitico(ICTQ) em 1480 homens e mulheres em 12 capitais. Os campeões do consumo não são os idosos. Aliás, são bem jovens: 90,1 estão entre 16 a 24 anos. Contribui para isso o acesso fácil. Nosso país o maior número de farmácia do mundo - e elas são verdadeiras tentações, refletas de cosméticos, guloseimas e perfumes expostos no meio das drogas. São 91 mil lojas, três vezes alem do considerado necessário: uma para cada 10 mil habitantes. "Qualquer pessoa abre uma farmácia em qualquer canto, as vezes sem observar as exigências sanitárias e legais", diz Walter Jorje João, presidente do Conselho Fereral de Farmácia. A expectativa é acabar com essa prática a partir da entrada em vigor de uma lei aprovada pelo Congresso e à espera da sanção da presidenta Dilma Rousseff. O estabelecimento deixará de ser comercial de ser comercial para transformar em unidade prestadora de serviços de assistência à saúde. "A abertura desenfreada estimula a automedicação, que pode ter consequencias seríssimas", diz o farmaceitico.

Segundo o sistema Nacionais de informações Tóxico Farmacológicas(Sinitox), os medicamentos são a principal causa de intoxicação, superando os produtos de limpeza, agrotóxicos e animais peçonhentos. O último dado é de 2011, quando remédios acarretaram 30249 registros e 53 mortes. E há o risco de reações alégicas e outro eventos adversos, sobretudo se a pessoa fizer uso de mais de uma medicação ao mesmo tempo ou exagerar na quantidade. No estudo do ICTQ, 32% assumem aumentar a dose tentando potensializar o efeito. Más: muita gente ao tomar um remédio mal empregado, mascara os sintomas da doença que tem, retardando o diagnóstico e o tratamento.

QUANDO É BEM-VINDA- A automedicação tida como uma jogada potencialmente perigosa, em alguns casos é desejável e até necessária. A Organização Mundial de Saúde(OMS), considera benéfica e complementar ao sistema de saúde o que chama de "automedicação responsável". e para adotá-la, é preciso manter certos critérios, como explica o pediatra e toxicologista Anthony Wong, chefe do Centro de Assistência Toxicológica(Ceatox) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Um deles está relacionado à natureza das doenças: " A maioria delas é autolimitada; portanto o sistema imunológico consegue combate-las. Então, basta aliviar os sintomas". Wong lembra que essa idéia não comtempla situações muito intensas ou debilitantes. Já febres, dores de cabeça, vômitos e diarréias decorrentes de quadro virais, como viroses intestinais, dispensa a ida ao médico e podem ser atenuado com medicamentos isentos de prescrição(MIPs), que são liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) para ficar à mão de todas as farmácias. Antes mesmo sem necessidade de receita, elas ficavam atrás das gândolas, onde só balconista tinham acesso.

Conhecidos fora do Brasil como OTC( Da expressão em inglês over the counter, isso é sobre o balcão), esses medicamentos não tratam as causas e tem margem de segurança alta. é o caso dos analgésicos, antitérmicos, laxantes, antiácidos. Após dois ou tres dias se não houver alício ou ocorrer piora, daí, sim, busca-se o médico.Seria o caos se pessoas com problemas triviais e sem maiores consequencias fossem de cara, aos saturados sistema de saúde, público privado. Eles não dariam conta da demanda", diz Wong. Para o médico, a medida não só economiza recursos como evita a perda de tempo nos pronto-socorros infecciosos e perigosos, Wong, já atendeu crianças que contrairem catapora por ficarem horas em filas de hospitais. "Insisto para as mães não levarem o filho logo que aparece uma febre. Devem aguardar o surgimento de outros sintomas que ajudarão no diagnóstico, e só dar antitérmico se a temperatura ultrapassar os 38.3 graus ou provocar muita indisposição."

ANTIBIÓTICOS E ANTIDEPRESSIVOS; -  Alem de admitir as drogas isentas de prescrição, e o conceito de automedicação responsável inclui a utilização de remédios que já foram receitados por um médico para aquela pessoa. Numa nova crise, e na presença de sinais bem conhecidos, ela pode tomar a droga de novo. Isso vale para dores crônicas em geral, cólicas menstruais, disturbios articulares moderados, renite alérgicas e enxaquecas. Não havendo melhora, a ida ao médico torna-se indispensável. Más Wong afirma que a automedicação responsável não se aplica a todo tipo de droga.Devem ficar longe de sua tese antibióticos, antidepressivos e fármacos que podem causar dependência - entre eles os opioides, tranquilizantes e outros tarja preta.

Não é à toa, a legislação determina, nesses casos, que a receita seja retida. Ainda que tenha sido prescrita uma vez, o novo uso requer supervisão. "Cada dor de garganta, pode ter origem diferente. Uma depressão nem sempre é igual à anterior", diz Wong. Por isso, a validade da receita é limitada a dez dias, para antibióticos, e um mês, para anorexígenos(que tira o apetite e leva a perda de peso). antidepressivos e psicotrópicos(tranquilizantes, sedativos e demais remédios que agem no sistema nervoso central induzino mao sono ou acalmando).

SUPERBACTÉRIAS - A venda controlada de antibióticos entrou em vigor em 2010." Era preciso uma atitude drástica, pois eles figuraram no imaginário popular como solução para tudo", diz a médica Rosana Richtmann do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Com frequência, antibióticos em gripes e resfriados, mesmo não tendo qualquer efeito sobre o virus, já que agem apenas contra bactérias. Além do perigo de gastrite, danos ao fígado e aos rins, infecção sanguinea e reações alérgicas, o uso inadequado pode causar resistência. Nos Estados Unidos, superbactérias encontradas  nos hospitais já matam mais do que a aids - são 23 mil mortes anuais, ante 15 mil causada por HIV."Há alguns anos tratávamos infecção urinária com o antibiótico sulfametoxazol", conta a infectologista. "Não prescrevemos mais porquê a bactéria se tornou resistente a ele" Um relatório da OMS de março, alerta para a era pos-antibiótico, em que as pessoas voltaqm a morrer de infecções que eram tratáveis há décadas, caso da tuberculose. Como os laboratórios não investem na produção de novos antibióticos - por serem menos lucrativos que, por exemplo, fármacos para diabetes, ingeridos diariamente diariamente e ao longo da vida toda- há poucos lançamentos na área. As opções estão ficando limitadas, enquanto que as bactérias  se tornam cada vez mais poderosas. Para não esgotar o arsenal, o uso tem que ser racional. É preciso cuidado para definir quando usar, qual o tipo e que dosagem, por quanto tempo. O controle ainda protege o paciente contra infecções de repetição", diz Rosana."E isso vale para versões orais, injetáveis ou tópicas(pomada e colírios)".

A infectologista recomenda cautela quanto ao emprego de anti-inflamatórios em episódios sucessivos de dores crônicas. Embora sejam os remédios mais vendidos no pais sem retenção de receita, o uso recorrente ou prolongado pode irritar a mucosa do estômago e do intestino, prejudicar o fígado e causar lesões nos rins. Mesdicamento de uso contínuo necessitam de supervisão médica", lembra. Nenhum remédio é inócuo", explica ela. Uma simples aspirina(ácido acetilsalicílico), pode interferir na coagulação do sangue, aumentando o risco de emorragia. Por isso, ´é contraindicada na suspeita de dengue. Em doses altas, até analgésicos comum,  como dipirona, causam reações alérgicas e outros prejuizos em pessoas sensíveis. O paracetamol pode lesar o fígado e, associado a anti-inflamatório ou multigripal, torna-se um veneno para os rins. Portanto, o principal requisito para praticar a automedicação responsavel é estar bem informado. Conversar com o farmaceutico reduz os riscos", diz Walter Jorge João. Ele não é balconista da farmácia e nem está de plantão apenas para aplicar injeções ou autorizar a venda de remédios controlados. Com a nova lei, aumenta a sua responsabilidade e o seu compromisso de zelar pelo uso correto de medicamentos", afirma. "O farmacutico^ deve orientar sobre a dosagem, horários, possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas. Sempre que necessário, ele encaminhará o paciente ao médico". E atá ali  tambem para ensinar que farmácia não é shopping center.

O QUE É USO RESPONSÁVEL;-  Os mandamentos para aumentar a segurança no uso de medicamentos;

CONFIRA O PRAZO  de validade antes de ingerir qualquer produto.

LEIA A BULA ; - ou peça orientação ao farmacêutico quanto a dosagem, modo de usar e interações medicamentosas.

BUSQUE SOCORRO; - se tiver sintomas atípicos ou intensos, como febre muito alta e dor aguda que nunca sentiu antes, ou se é portadora de uma condição prévia que debilite a saúde.

RETORNO AO MÉDICO  para pesquisar outros problemas, caso as costumeiras cólicas mentruais ou as dores de cabeça começarem a se repetir com mais frequencia.

SEGA A PRESCRIÇÃO, não interrompa o tratamento na metade, mesmo havendo melhora.

CONSERVE NA FARMACINHA ; - de casa apenas remédios de venda livre. Não guarde sobra de medicação com tarja para evitar a tentação de uso futuro.

DEVOLVA AS SOBRAS;à farmácia para serem incineradas. Não jogue no lixo nem no vaso sanitário para evitar riscos ao meio ambiente.

(ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA CLAUDIA/SETEMBTO/2014)

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