RIVALIDADE ENTRE IRMÃOS(como administrar essa relação)

PREPARANDO O SEU FILHO MAIS VELHO PARA A CHEGADA DO BEBÊ; - Os pais que tem um filho e estão esperando outro, sentem muito nitidamente os problemas provocados pela rivalidade entre os irmãos. Sentem que, se não tiverem a devida habilidade, poderão dar ensejo a um ciúme intenso, uma grave regressão ou rebelião por parte do filho mais velho. Uma das perguntas que me fazem com mais frequência é a de que modo os pais podem evitar a rivalidade entre os irmãos. Ainda há pouco fui consultado a esse respeito por uma mãe que devia dar a luz dentro de um mês. Ela já tinha um filho de dois anos e meio, com quem passava grande parte do tempo. Essa mãe lera muitos livros sobre a criação dos filhos, sabia a respeito  da ribalidade entre irmãos e conhecia a necessidade que tinha o seu filho mais velho de receber uma atenção pessoal depois do nascimento do bebê. O objetivo da consulta era saber o que poderia fazer para reduzir ao mínimo o ciúme que teria o filho mais velho do novo bebê pois estava um pouco preocupada com a idéia de o mais velho ficaria ressentido com o irmãozinho. Ela já havia conversado sobre o problema com a sua pediatra. Entre outras coisas, a médica aconselhava a ir à uma loja de brinquedos mais próxima comprar algumas dúzias de brinquedos baratos e embrulhá-los separadamente. A pediatra disse à mãe que fosse dando um desses brinquedos cada vez que uma visita levasse um presente para o novo bebê. Esclareceu que esse sistema reduziria os ciúmes do filho mais velho e não deixaria que ele se sentisse relegado a um plano secundário. A mãe achava que essa idéia parecia razoavel. Aliás,  já ouvira outras pessoas recomendarem-na.

 Eu disse que discordava desse método de tratar a rivalidade entre irmaos porque pode ter o efeito oposto do que desejam os pais. Creio que se voceis forem dar alguma coisinha  ao filho mais velho cada vez que o seu bebê ganhar um presente, só estarão ensinando o filho mais velho a esperar ganhar um presente cada vez que o pequenino ganhar um. Uma criança mais velha que for tratada dessa maneira aprende logo a examinar o que ele ganhou e o que o bebê ganhou, para ver qual é o melhor. E, pode crer, seu filho mais velho saberá descobrir as desigualdades no nivel mais baixo.Saberá descobrir riscos e manchas quasi invisíveis à olho nú. O método recomendado pela pediatra dá ênfase demais às coisas materiais, não corresponde à preocupação da criança com o seu amor e não é realista. Expliquei à mãe que me consultou que seria melhor dizer à criança mais velha que as pessoas que visitam o bebês muitas vezes levam presentes, e que muita gente o visitou quando ele era bebê, tambem lhe levou presentes. Depois ela  explicaria que, como o filho mais velho não era bebê, e sim de modo diferente. Posso garantir que o interesse real do filho mais velho não esta nos presentes. Ele quer ser importante e ter a certeza de que ainda é amado. Quer receber tempo  e  atenção irrestrita de sua parte. Não há brinquedo nem objeto que possa satisfazer essas necessidades em seu filho mais velho. Você tem de fazê-lo sentir que ainda é importante por meio dos seus atos. Deve dar ao filho mais velho toda a sua atenção, sem ele ter de pedi-la, ou, pior, sem ele ter um comportamento distruidor ou hostilizante a fim de atrair o seu interesse. Qualquer criança que receba atenção somente como consequência de um comportamento agressivo ou destruidor aprende logo a depender dele como método para atrair sua atenção sobre sí. Se você começar igualar tudo  entre o mais velho e o mais novo, verá que é dificil transmitir o conceito de os indivíduos são diferentes e, portanto, são tratados de modo diferentes.

Mais tarde terá dificuldade em tratar de assuntos tais como horas de dormir diferentes, horários de colégio diferentes, e diversas responsabilidades de família. Se o filho descobrir desde  o princípio que seu amor por seus filhos é diferente para cada um, porque cada um é diferente, e especialmente de idades diferentes, então você  terá a liberdade de tratá-los de modo diferente. No final das contas, é muito mais fácil do que estar constantemente querendo promover a igualdade.

Um dos melhores meio de evitar a rivalidade entre irmãos é começar a preparar seu filho para receber o novo bebê pouco depois de confirmada a gravidez. A gravidez é realmente um fato emocionante, que logo provocará o tipo de curiosidade e facínio que tem as crianças sobre a existência humana e a vida em geral. É perfeitamente natural que seu filho mais velho queira aprender como começa uma nova vida, como nasce e cresce o bebê. Não vejo motivo para não satisfazer a curiosidade de seu filho por esses assuntos, pois ele certamente terá muitas perguntas a fazer. Entre outras coisas,  há de querer saber como é que o bebê sai. É importante para as crianças saberem exatamente como é  que o bebê sai do corpo da mãe. Muitos pais bem-intencionados confundem os filhos, neste ponto, dando-lhes informações erradas propositadamente. Explicam que "O bebê sai pelo humbigo" 'ou por baixo" outros fogem completamente  ao assunto e deixam a criança usar a imaginação. Está errado. Deve-se dizer à criança que o bebê está crescendo no útero da mãe, que começou como um ovo (ou uma célula), que veio de um lugar chamado ovário e foi fertilizado por uma caisa como uma semente, chamada esperma, do pai. Nove meses depois, quando o bebê já está grande e pronto para nascer, a vagina aumenta, para ele sair. Geralmente o médico ajuda o bebê a sair, e ai a vagina torna a diminuir, Essa descrição não só fornece informações precisas( salvo em casos em que se realiza uma operação cesariana), como também ajuda as crianças a compreenderem a anatomia feminina. E elas não acham nada traumático essa explicação nem nada de revoltante.

Com o tempo, você pode deixar claro, quando o bebê estiver pronto para nascer, você terá que ir para a maternidade por alguns dias para que o médico ajude o bebê a nascer. Explique que depois que ele nascer a mãe precisa descansar na casa de saúde alguns dias, e médicos e enfermeiras tem que cuidar do bebê com atenção para verificar se ele está bem. Seu filho ficará, assim, preparado para a separação que ocorre por ocasião do nascimento do bebê. Como esta separação será uma das maiores preocupação dele, não deixe de dizer que terá saudade de seu filho mais velho quando estiver no hospital e que não ficará feliz por estar longe dele.

Seu filho terá muitas perguntas a fazer a respeito da maternidade, como ela é e o que acontece por lá. Responda com sinceridade, de modo que ele compreenda. Se você não conhece bastante as casas de saúde para poder exclarecer as dúvidas dele, diga ao seu filho que não sabe mais vai procurar saber.

Quando conversar com seu filho sobre a gravidez, sua permanência na maternidade e a vinda de um irmão, você deve procurar manter um ambiente de completa franqueza e sinceridade. Isso tornará mais fácil para ele expor seus sentimentos no tocante as modificações na família.

Muitas vezes ajuda se você  perguntar a seu filho ou filha o que ele ou ela acha de ter um novo irmão ou irmã, e você deve saber que é perfeitamente normal e natural que o filho mais velho tenha certos sentimentos de ambivalência quanto à idéia de ter um bebê na família, e até a não gostar dessa idéia. A qualidade e a intensidade dos sentimentos da criança variam de acordo com muitos fatores --- a diferência de idade entre a criança e o bebê, quanto tempo você passa com o seu filho, o grau de paciência e comprienção que você tem com os filhos, e, certamente, o modo como você preparou seu filho para a vinda do irmãozinho ou da irmãozinha.

Se seu filho não se mostrar intusiasmado, explique que os sentimentos negativos não são errados, de modo algum, más depois faça-o compreender  que, embora não seja obrigado a gostar do novo bebê, más não poderá machucá-lo, de maneira alguma. É muito mais saudável para todos se puder conversar tanto sobre os sentimentos de amor como os de hostilidade, em vez de suprimí-los, más é óbvio que não serão toleradas quaisquer manifestações físicas de hostilidade. Na verdade inclino-me a crer que se uma criança exprimir um desejo incondicional de ter um irmão ou uma irmã, ela poderá estar-se adaptando às esperanças dos pais e não revelando seus verdadeiros sentimentos. Afinal de contas, por que  uma criança não há de ficar apreensiva ou ambivalente quanto a um novo irmão? Um irmão ou irmã vai mudar a constelação da família, talvez  para pior. E uma criança sempre pesa:"Será que ainda vão gostar de mim depois do bebê nascer e vier para casa?" Se você disser a seu filho que vai ter um bebê, com grande antecedência, terá bastante tempo para confirmar o seu amor e ajudá-lo a enfrentar a abivalência dele. O princípio de uma preparação sincera aplica-se à crianças de todas as idades, embora seja difícil praticá-lo se o irmão mais velho tiver menos de três anos . As crianças  entre aproximadamente 18 meses e três anos tem dificuldade  em formar conceitos; suas expressoes emocionais são imperfeitas; são normalmente negativistas e desafiadoras; ainda precisam de muito tempo de parte dos pais para ajudá-los a aceitar suas necessidades infantis, como desmame e o controle das necessidades; e ainda não adquiriram sua verdadeira sensação de independência. Todos esses fatores as tornam especialmente vulneráveis a uma sensação de serem, de algum modo, pelo nascimento de um irmão. Uma criança de menos de três anos, por mais que lhe tenham contado tudo de antes, muitas vezes  de modo negativo ao novo bebê, e sua reação provoca uma tensão tremenda nos pais. Invariavelmente eles sentem que "Deve haver alguma coisa errada com o nosso filho mais velho, senão ele não estaria tão provocador e rebelde" Embora eu compreenda o que leva os pais a sentirem isso, ñão concordo com a conclusão, a despeito daqs opiniôes de muito de meus colegas, que atribuem o negativismo e a provocação da criança à rivalidade entre irmãos. Creio que misturaram as causa e efeito. Qualquer criança dessa idade , normalmente, énegativa e provocadora, quer haja ou não  um bebê na família.

Se por acaso houver um bebê, então o filho(a) mais velho(a) logo aproveita o pretexto para sua provocação e rebeldia. No entanto, ter os filhos com um intervalo de três ou mais anos, realmente ajuda a diminuir a rivalidade entre irmãos, sem contar  a redução das imposições sobre os pais. Se a criança tiver três anos ou mais, estará preparada para ir ao jardim de infância ou algum outro tipo de grupo educativo organizado. Também é capaz de organizar sua vidas própria e de ter amigos fora da casa. É capaz de compreender a fascinação do processo de reprodução. Melhor que tudo, sua capacidade de existir independentemente de você torna mais fácil para você dar a cada filho, por sua vez, um certo grau de tempo e atenção exclusivos.

TODOS COM OS DEVIDOS CUIDADOS: - Todos, não apenas os pais, devem compreender o que significa o novo irmão para um filho mais velho. Mas cedo ou mais tarde visitamos a casa de pais que acabaram de ter bebê. A visita sempre quer saber se deve levar presentes não só para o bebê más tambem para o filho mais velho. Naturalmente, os adultos ficam felizes e encantados, entusiasmados mesmo, com o nascimento do bebê de um parente ou amigo. Muitas vezes esperam que o filho mais velho da família sinta o mesmo. Assim abordam a situação de maneira intelectual, sem pensar muito nas emoções do filho mais velho.  Tendem a "forçar" o amor, esperando que o irmão mais velho do novo bebê concorde com essa atitude. --- Você não adora o seu irmãozinho novo? Não é engraçadinho? Oh que sorte a sua de ter um irmão tão bonitinho.

O adulto bem- intencionado que diz essas coisas quer que o filho mais velho goste do novo bebê. Infelismente, tal atitude é justamente a errada, não porque a pessoa que a toma tenha má vontade, más porque lhe falta uma compreensão geral do que se passa na mente de uma criança. Parece que muitos adultos já se esqueceram do que é a gente ser criança.

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