01/10/2013 22:30

NASCIMENTO ;....Voltando no tempo, minha mãe, Dna Albina, contava que eu nasci em 1942 de parto normal, com a ajuda de uma parteira,aliás na época, os nascimentos de crianças, eram quase todos dessa maneira, no município de São Joaquim da Barra SP, Dizia Ela, mãe coruja, que eu era muito saudável, graudo e que com dois anos , aconteceu um caso curioso;
LEITE DE CABRA ;...No sítio havia várias cabritas e uma delas, perdeu, no parto, o seu filhotinho: Minha mãe a saudosa Dna. Albina, , me deixava preso a um chiqueirinho, o famoso quadrado, que já vinha sendo usado, bem antes de mim, pelo meu irmão, (josé Mario), pela minha irmã(Maria de Lourdes). Ela que lavava roupas no quintal, em um belo e fartulento ,rego de água que passava aos fundos, da casa, havia um batedouro de madeira e alí era a lavanderia e onde se lavava os badulaques da cozinha, pois não havia água encanada. Daí, a cabrita berrava procurando o seu filhote e eu, tambem berrava, por estar preso ou por estar com fome; De uma hora pra outra, a cabrita parou de berrar e eu de chorar, daí, minha mãe, que lavava roupas , há alguns metros, no fundo da casa, foi ver o que estava acontecendo. Para sua surpresa, a cabrita encostada no quadrado e eu agarrado ao seu peito e eu me enfartando de leite ou seja mamando; Depois daquele dia, era só eu chorar que a cabrita me procurava para me servir o seu peito ..Passei a ser o filho adotivo da cabrita.
A QUEDA DE UM RAIO - Por volta de 1950, eu, com oito anos, meu irmão Zedorok, 10 anos e meu pai, vinhamos da roça, por volta de 17 horas, quando formou-se um grande temporal, relâmpagos, trovões, e o velho e meu irmão andavam a passos largos, e gritando comigo, vamos- vamos correr, e eu que era meio gordinho, troncudinho, não conseguia acompanhá-los, pois eu só tinha 8 aninhos, ai, eles estavam distantes de mim, a uns 400 metros; De repente, vi um estouro e um clarão a uns 200 metros. na minha frente. Eu desmaiei, e quando voltei percebi que meu pai me carregava, no colo. No outro dia fomos ver o que havia acontecido; Bem no tronco, de uma grande arvore, que estava meio destruida e no local um buraco, de mais ou menos meio metro, em volta da arvore, com o mato queimado. . Então meu pai disse que ali havia caido um raio, no dia anterior. Veja se eu estivesse, mais adiantado, eu não estaria aqui, contando essa história.
COICE DA ÉGUA - Sim, aconteceu quando eu tinha uns seis a sete anos anos: no sítio havia um engenho de fazer rapadura e garapa, a moenda de cana era puxada por dois animais, meu irmão mais velho ia colocando a cana na moenda e eu sentadinho. em um tronco , com nome de balancim, que através de quatro correntes, os animais puchava a moenda, na trazeira das eguas onde havia um banquinho, e elas ficavam circulando pra moer a cana e de vez em quando eu com o reio, lhes batia, pra que elas fossem mais rápido. De repente, uma delas fêz xixi, ai quando ela terminou eu lhe enfiei o cabo do rei em sua vargina, daí ela me deu um coice que pegou em cheio da minha cara e eu desmaiei, e ao voltar, percebi que os meus dentes de leite, da frente, estavam no lenço do meu pai. Garrei a chorar pensando quue jamais eu teria outros dentes no lugar.
DÉCADA DE 50 - Buscando no fundo do Baú, nessa época eu com 8 anos de idade, e nós, morávamos em uma sítio, no município de São Joaquim da Barra, meu pai Sr. Raul de Paula, que Deus o tenha, pois era um grande guerreiro, minha mãe Dna. Albina, trabalhadeira ao extremo tambem falecida, eram administradores, desse sítio, lá era um verdadeiro paraízo; Havia muitos animais; porcos com lindos porquinhos, cavalos, vaca com lindos bezerros, galinhas com lindos pintinhos aos montes, , cabritos com filhotinhos; Abundância de frutas, como abacates, abacaxi, melancias, jaboticabas e outras, delícias, uma fartura que hoje não tem mais na roça. Hoje a cana de açucar invadiu as fazendas, os sítios e até mesmo as chácaras, acabando com as farturas que existiam, tambem não havia tantos carros, pra consumir tanto combustível. Uma riqueza que encantava a todos que visitavam o sítio era a abundância de água.
PÁSSAROS: Um paraiso, pois em virtude da plantação de variedade frutífera, que atraiam as espécies que se alimentavam de seus frutos. Da criação de galinhas, porcos , vacas e outros animais tratados com milho, atraia as aves que apreciavam as sobras que ficavam nos currais, cevas e mangueirões, Daí surgiu minha paixão por aves, principalmente canários-terra que tinham muitos na redondeza.Eu e meus irmãos, depois da escola, saiamos para pegar canários da terra que eram muitos, lindos, cheios de vitalidade e a gente se divertia com eles.
ESCOLA; Naqueles tempos, as crianças iam para a escola aos sete anos de idade ; Eu e meus irmãos estudávamos em uma escola na fazenda Tamboril, uma fazenda com uma grande colônia de casas, que ficava distante do sítio uns 5 km e nós íamos `a pé, todos os dias; Minha primeira professora foi a Dna. ZUÉ, quanta saudade eu tenho dela! Ela era exelente, competente,simpática e com muito carisma, porém, durona com os muleques malandros que não queriam estudar, e se algum de nós falhassemos, ela nos colocava de castigo que era ficar de pé num canto da sala e os demais alunos, tiravando sarro na gente. Ainda assim mandava um bilhete avisando aos pais do comportamento do filho, na escola, os pais , linha dura, na época, davam todo o apoio a ela. Lembro-me que a gente escrevia com um lápis, que tinha uma borracha na outra ponta, pra apagar quando a gente errava, Havia tambem na carteira dupla, onde sentavamos, sempre dois alunos, no centro dela um vidrinho com tinta, que servia pra molhar a pena que se encaixava na extremidadde da caneta, que era de madeira , que mergulhada na tinta era pra gente escrever quando era o dia da prova.
TEMPOS DE VIDA DURA ;...Na época o nossos calçados era o famoso, PE-DE-CACHORRO, fabricado pela alpargata que era feito de cortiça no solado e lona por cima. Havia também a botina de solado de pneu,A maioria da molecada andava mesmo era de pé no chão e calça curta. SOBREVIVÊNCIA - Muitos filhos pra criar, despeza alta, então o velho, pulava de todos os lados pra sobreviver e dar conta do recado. Lembro-me que o Sr. Raul, meu pai, fazia baile de torda, uma espécie de circo, montado com uma grande lona uma vês por mês pra arrecadar alguns trocos para acrescentar no saláriozinho.
AS FAMÍLIAS TINHAM MUITOS FILHOS; Naquela época, a gente não entendia o porquê, que eram tão numerosos os filhos; Hoje eu entendo que isso acontecia porque os donos das propriedades, davam preferência às famílias numerosas, pelo fato de serem uteis na propriedade, pois pagavam o salário ao titular e tinha os serviços dos filhos e esposa. E, também, havia arrendamento de terras e quem tinha mais filhos levava vantagens.
BAILÔES DO SO-RAUL- (ARRASTA PÉ)
VEJA A ESTRUTURA - Meu pai, eu e meus irmãos, buscavamos, madeira no cerrado, pra armar uma grande lona, que depois de armada parecia com um circo, então ele assava uns 20 frangos caipira, mais ou menos, recheados com farofa e outros ingredientes, embrulhava em papel celofani, para preparar e efeitar as prendas e durante o baile , o velho fazia o seu tradicional leilão.
Esses bailes eram animados por um sanfoneiro, um VIOLONISTA e um pandeirista. Geralmente eram no sábado, por volta das oito e nove horas da noite, quando o pessoal começava a chegar; geralmente era da redondeza, dos sítios, chácaras, fazendas e vilarejo. Dentro de pouco tempo, tudo pronto, então a grande barraca ficava lotada, o pessoal chegava de cavalo, de carrinho ou de charrete, ALGUNS DE CARRO, que eram poucos na época e sòmente, carrões importados, pertencentes a fazendeiros ou industriais da época. Então, o pau caia a foia a noite toda era aquela animação. E quando o arrasta-pé estava a todo o vapor, o idealizador do baile o Sr. Raul, a meia noite, mais ou menos, parava o baile, e anunciava o leilão. Então leiloava as prendas, era uma parte interessante da festança. Não tinha microfone e nem alto falante era mesmo na raça e a voz alta quase que gritando. Pois não havia energia elétrica, no sítio e a eluminação era feita com lampeões . As prendas, frangos recheados e assados no forno de lenha , às vezes havia uma leitoa, um pernil. Geralmente,começava com um lance mínimo e alguem sempre dava mais, até que um felizardo arrematava, num valor deis vezes o lance inicial e quase sempre ,oferecia a prenda a uma escolhida, geralmente uma linda morena ou loira quase sempre uma paquera para que a ela o leiloeiro fezesse a entrega. Essa era a maneira de o velho ser compensado financeiramente , por todo o trabalho. Pois ninguem pagava para entrar na festa, somente o leilão e algumas bebidas que eram o lucro.O velho ficou famoso na região com os Bailões do Sr. Raul.
CARRÕES QUE CHAMAVAM ATENÇÃO; Lembro-me que alguns, lá chegava de carro, que eram importados, pois não havia nacionais e que, eram, poucos e eram eles os donos dos carros e da festa e eram os que mais arrematavam as prendas que as, ofereciam as moças mais bonitas e muitas vezes as ganhavam com essas oferendas. Eram os donos do bailão do So- Raul, o meu pai.
BRIGAS NO FORRÓ; ---.Lembro-me, que quando havia alguma briga na noitada, alguem, mais esaltado, amarrava uma corda no tronco que sustentava a torda em forma de circo e saia correndo com o cavalo puchando e conseguia, derrubar o circo e acabar com a festança, , com isso acabava com a animação. Era aquele corre- corre. Muitas vezes com ajuda conseguaia rearmá-lo de novo, AÍ A FESTA CONTINUAVA.
ELUMINAÇÃO Á BASE DE LAMPEÃO ; Não havia energia elétrica era tudo na base do lampeão. Lembro-me que na época, o pessoal, mais velho, gostava muito de dançar CATIRA, que meu pai tambem adorava e dançava junto com o pessoal. A coisa funcionava mais ou menos assim: Uma violeiro, tocando a viola, e os catireiros, em salão de assoalho, botina de salto carrapeta, e na batida da viola, iam batendo com os pés e alternando com palmas, ritmado, bem ritmado, balançando os braços e batendo tambem palmas, entre o sapateado, o som da viola. Era uma animação vibrante.
CARNES EM CONSERVA - Por não haver geladeira pra conservar os alimentos, tudo tinha que ser consumido, fresquinho. A carne, de vaca, preparava-se pra conservá-la, como carne seca, ou carne de sol. A carne de porco, minha mãe depois de cortá-la em pedaços menores, em um tacho, grande, fritava até perder todo o líquido, e guardava em lata de 18 litros, junto à gordura da própria carne, ela ficava em conserva, pra consumo futuro. Quanto mais tempo ela ficava envelhecida, melhor e mais saborosa ela ficava. Lembro-me que nós, criança na época, às vezes arrombava a janela da dispensa, onde ficava a lata de carne, roubava uns pedaços e saía correndo pro quintal pra saborea-la bem longe. Mas quando a gente era pego mexendo na caarne aí o bicho begava.
BRIGAS DE CASAL---Quero relatar aqui, uma parte curiosa, entre meus pais(Sr. Raul e minha mãe Dna Albina), eles quando tinham os seus maus momentos, como brigas, tipo bate boca, sem violência, chegando a dizer em separação; Nós os filhos sintíamos inseguros, com medo que isso viesse a ocorrer; Várias vezes, ele depois de uma discussão, mais acalorada, juntava uma trouxa, botava o arreio no cavalo, dizendo nervoso, que iria embora. Eu e meus irmãos ficavamos apavorados e a gente pedia pra mãe não deixar que ele fosse; Ela, dizia, vão brincar moleques, ficam tranquilos, que isso não vai acontecer, isso é só ameaça. Um certo dia ele depois de arrumar a trouxa, arrear o animal, montou e foi embora, começamos chorar e a mãe, disse ele voltaria;. Como sempre, minha mãe tinha razão, pois ele sempre voltava depois de umas duas horas mais-ou-menos.Talvês por não ter pra onde ir ou por estar muito ligado à tudo o que estava deixando para traz.
MORTE DA FILHA DO PATRÃO; AUREA a filha do patrão, Sr. Abrahão Mauad, industrial forte do setor calçadista, em São Joaquim da Barra, sofrendo de leucemia, morreu aos 19 anos, daí foi uma tristeza para a família deles e para a nossa. Se não bastasse o sofrimento Sr.Abrahão sofreu um derrame. E depois ele ficou viúvo então desiludido, vendeu o sítio, o nosso paraízo!
VENDA DO SÍTIO; Certo dia, acabaram todas as regalias, pois o dono da sítio, fez um acerto com o meu velho pai e vendeu o imóvel; Mudamos para São Joaquim da Barra, o dinheiro do acerto mau deu pro meu pai comprar uma casa semi-acabada na periferia da cidade; Foram tempos difíceis, para toda a família, pois a nova morada não oferecia o mínimo de conforto pois não havia, luz, não havia piso, pois era chão duro não era rebocada, nem forrada e havia coteiras dentro da casa. Meu pai, sem profissão, com nove filhos e mais dois que foram adotados, tinha que trabalhar fazendo (bico) lutar como louco pra sobreviver foram anos de miséria, de lutas e sofrimentos.
DEPÓSITO DE LENHA ; O velho montou um depósito de lenha, E com um cavalo e um carrinho de rodas de pau, ele e a gente entregava a lenha na cidade, de São Joaquim da Barra SP, a lenha era vendida como hoje, se entregam gás; que era vendida de meio metro, pois quase não havia fogão a gás; pra sobreviver, ele comprava, também, bananas verdes as colocava pra madurar, no paiol, onde guardava o milho , para trato do cavalo e eu e meus irmaos vendia na cidade, essas bananas quando amadurecia. Ele se virava, tinha um carrinho de aluguel, fazia carretos com frete, tinha um depósito de lenha e vendia lenha ;
ALIMENTAÇÃO FRACA ; - Sim, na época, éramos em 9 irmaos e meus pais adotaram mais um casalzinho; Então a dificuldade pra alimentar toda essa galera, era muito grande; Meu pai se virava como dava; O arroz, era comprado nas máquinas de beneficiar, então era do tipo quirela, o feijão, tinha que dar um toque de recolher pra gente encontrar alguns grãozinhos; Mistura, era repetitiva, como na época de chuchu, era chuchu o tempo todo, na época de abóbora era abóbora o tempo todo e assim era, com mandioca, e outros produtos de época. Pra reforçar, a gente tinha que passar em uma pastelaria e comer um pastel, após o almoço. Foram tempos difíceis.
COMPLETANDO O ENSINO BÁSICO; PARA CONCLUIR O ENSINO BÁSICO, FOMOS MATRICULADOS NA ESCOLA SILVIO TORQUATO JUNQUEIRA; NA CIDADE DE SÃO jOAQUIM DA bARRA-SP, que a gente tinha começado la na escola da fazenda Tamboril, que ficava tambem nesse município.
AVIÕES, DOS GRANDES, FAZIAM ESCALA NO AEROPORTO PERTO DE NOSSA CASA - Quando chegava algum desses gigantes do ar, a gente percebia pelo barulho, e então a molecada da vila da aviação, inclusive eu e meus irmãos, corríamos para o angar e me lembro que os caras do aeroporto já haviam preparado uma grande mesa com toalha branca, e alí uma fartura com lanchinhos e um refrigerante que a gente só via ali, havia uns docinhos tambem. Quando uma grande escada era colocada na porta do avião da "Cruzeiro do Sul", a porta se abria e saiam la de dentro um pessoal bonito e elegante que ao chegarem na mesona, sòmente beliscava aqueles lanches, isso por volta das 15,30 horas todos voltavam para o avião e dalí levantavam voo fazendo um grande barulho e vento. Nós a molecada, famintos, depois de autorizados pelos caras do aeroporto, avançavamos naquelas delícias, numa alegria imença.
ENGRAXANDO SAPATOS; Aos sábados e domingos e feriados, nós éramos engraxates, la no centro da cidade; Para ajudar a levar sustento para meus irmãos ; Por falar em calçados, um detalhe curioso na época, era que os calçados, eram chiques, requintados, custavam caros, os considerados sociais, pois eram de fino acabamento, eram de couro,como; cromo alemão, pelica, havia até os feitos de couro de jacaré; Também, relatamos que os seus donos tinham ciumes do seu calçado e exigia que nós os engraxates fizessemos um serviço perfeito. Modestia à parte, quero relatar que, diante de tantas exigências dos fregueses, eu me especializei, pois eu tinha, organizado meus apetrechos . Eu tinha um kit para calçado marrom, um para calçado preto e outro para calçado incolor. Usava tambem sabão de coco, uma escova de dente para lavar os pontos brancos. Detalhe, eu preferia engraxar os calçados fora dos pés dos donos, pra não sujar as meias brancas dos fregueses Com isso eu tinha uma clientela que exigia ser atendidos por mim. Inclusive as putas que, que tinham o seu bairro e vinham para o centro fazer compras e engraxar seus calçados que me davam gordas gorgetas, para eu caprichar em seus chiques pizantes, normalmente Botas, rigorosamente na moda.
ME LIVREI DE IR PRA ROÇA COM MEU PAI ; ; Lembro-me que quando eu tirei o meu diploma do básico, escutei o velho dizer, de madrugada, pra minha mãe que, às 05 horas da manhã, já estava fazendo café e comida pra o velho levar pra rossa, estava precisando de mim na roça, nas terras que ele arrendava. Mais que depressa, corri até a casa de um funcionário da fábrica de calçados Rossini e lhe implorei pra que me arrumasse serviço na fábrica. Por sorte, recebi o diploma, na sexta-feira e na segunda eu já estava empregado na fábrica, eu tinha na época 14 ANOS mais ou menos. Me livrei da roça e de ter que trabalhar junto do velho que era muito durão comigo.
PROFISSÃO DE SAPATEIRO Por volta de 1955, o que movia a economia de São Joaquim da Barra eram as fábricas de calçados, e eram muitas, pequenas e também de grande porte. A Fábrica de Calçados Rossini, era super mecanizada para a época, fabricava mais de 200 pares de calçados masculino por dia. Era uma das que mais empregava na região! Ela era tão importante que foi feito um documentário e depois exibido nos cinemas da região, mostrando a pujança da industria da cidade de São Joaquim da Barra. E eu estava no filme o que me deixava muito feliz ao me ver na tela do cinema. Um setor que dava, também um impulso muito grande no comércio da cidade, era as mulheradas da "Curva Torta", sim era o nome escolhido pela cidade às mulheres da vida, "Putas" mulheres de vida fácil, também como eram conhecidas. Pois elas ganhavam dinheiro fácil e tambem gastavam facilmente em vaidade como cabeleleiras, lojas chic de artigos da moda, até os bancos se beneficiavam daquele momento econômico favorável para a cidade.
CARRÕES, CHIQUES ´POREM POUCOS; Lembro-me que havia, na época, pouquíssimos carros, aqueles carrões conversíveis,luxuosos, que quando passavam chamavam a atenção de todo o mundo, somente os ricos é que os possuiam, despertando inveja e grande admiração. Ah a mulherada dava em cima dos coroas que possuiam um desses carangos, a MULHERADA que davam em cima dos donos dos carrões eram apelidadas de "Maria Gasolina." Por falar em gasolina estou lembrado que os carrões da época funcionavam a base de gasolina azul, a mais pura!
CARROS IMPORTADOS; essas máquinas eram importadas, pois não havia fabricação nacional. Até mesmo o Roberto Carlos, compos uma música falando,sobre esses veículos, como o famoso calhambeque. Cantores da época, como ;Erasmo Carlos, Wanderleia, José Augusto e outros, balançavam a cabeça da moçada, eram ídulos, inclusive Roni Von, Caubi Peixoto, Nelson Ned, Elvis, e os ban-ba-ban do Rok-end-roll. Eu sonhava, um dia poder ter um desses carros, que dava moral aos donos, que mais tarde, eu com 18 anos pude ter meu primeiro carro, um Dolphini, que eu ganhei em uma rifa, de uma instituição de caridade, sendo que o segundo eu troquei o dolphini por um Gordini, então eu já tinha realizado parte do meu sonho.
TELEFONES DA ÉPOCA; Eram pouquíssimos e caros e de má qualidade, somente alguns possíam e eram raros, somente telefone fixo, Jamais poderia imaginar que um dia teria tantos e móveis e cada um carregar sua linha. Houve uma verdadeira revolução, com a chegada do celular; Quando que se poderia imaginar que um dia, um pobre estaria com um telefone no bolso. Há pessoas com dois ou mais telefones; Um exagero! O telefone virou uma mania e uma espécie de auto afirmação; tem gente grudada no aparelho o tempo todo, uma paranóia, uma loucura!
DETALHES SOBRE O TELEFONE FIXO - As linhas telefônicas eram disputadíssimas e caras. Na lei de mercado quando há menos oferta que procura o preço da mercadoria sobe. Quando havia lançamento de mais linhas, os investidores compravam os lotes para revender ou para alugar essas linhas. Pra se ter uma idéia do preço de uma linha fixa, era o preço de um iFhone moderno e o aluguel era 10% do valor. do telefone.
OPERAÇÕES DE CRÉDITO NOS BANCOS; Tinha que ser consultadas em São Paulo ,; Lembro-me que nos bancos, na época, existia uma gabine onde ficava o telefone, e as operações de créditos eram consultadas, via telefone, na matriz do banco, que controlava os créditos. Era uma loucura, quando se consultava uma operação, precisava gritar, ao telefone e aí toda a galera, na agência , sabia quem estava pendurado no banco.
ENGRAXAR SAPATOS ERA SERVIÇO DA MOLECADA. Voltando aos meus tempos de engraxate, eu me lembro, que, em São Joaquim da Barra, havia poucos, meios de transportes e o que predominava, na época eram as bicicletas. Por falar em bicicletas, lembro-me, que engrachando sapatos, durante uns quatro anos: guardando moedas em um cofrinho , consegui, com sacrifício, comprar a minha primeira bicicleta, não era dessas modernas, de hoje com marchas, más sim as pesadas , sem marchas, porém, um certo dia depois de dois anos com ela, roubaram a minha única condução. Foi uma tristeza danada e aí pra comprar outra tive que ralar muito.
TRATAMENTO DENTÁRIO Eu tinha sério problema com os meus dentes, Inclusive, eu tinha complexo, por eu ter um buraco nos dois dentes frontais, provocado por uma cárie e quando eu sorria eu colocava a mão na boca pra disfarsar e somente pude tratar dos dentes, quando eu já tinha dezesseis anos, quando comecei a trabalhar na fábrica de calçados, no Alto Falante e depois na Rádio São Joaquim isso em 1958 mais ou menos.
COMO COMECEI O VÍCIO DE FUMAR ´´´´ Eu tinha uns dezesseis anos, perto do campo de aviação, onde nós morávamos, havia uma "VENDA", como se chamava na época, uma mistura de bar, mercearia e outras bujugangas. O filho do dono, que tinha minha idade, era meu amigo e companheiro de profissão, e até na hora de passear, a gente estava juntos, até mesmo as nossas namoradas tinham que serem amigas, pra que juntos a gente organizasse as farras. Esse amigo, o GERALDO, fumava; e por o seu pai não concordar, ele fazia isso, escondido. Então ele pediu para o Sr. Raul, pra deixar eu carregar o seu maço de cigarro,. O velho, teve uma conversa comigo, onde ficou estabelecido que ele concordaria, porém se eu fumasse, ele me matava de pancadas. O geraldo deixava um pacote de "Continental", sem filtro, pois não existia com filtro, na época e o meu pai, que tambem fumava, se servia desse pacote. Esse esquema funcionou, porem um dia, de sábado, por volta de 11,30 da manhã, caia uma chuvinha fina e estava meio friu, a gente vinha da fábrica, de bicicleta, feliz, conversando e fazendo planos para aquele final- de- semana.
MINHA PRIMEIRA TRAGADA ----Daí ele me pediu um sigarro e acendeu e tirou uma bela tragada, como os mocinhos do cinema. Olhando aquela cena, eu disse, Geraldo, parece que está tão gostoso esse cigarrinho! Ele mais que depressa, me disse; acende um tambem; Eu -- tenho medo do pai. Ele ah, deixa de ser bobo nesse horário, com esse chuvisqueiro, sábado, 11,30 horas, ele está em casa. Então, pela primeira ves, acendi um pra mim e na primeira tragada o velho com seu carrinho de rodas de pau, virou a esquina e me pegou no fraga! eu tinha uma mistura de medo e respeito pelo pai; Naquele momento, desesperado, apaguei o cigarro apertando -o, no guidão da bicicleta, queimei os dedos. O pai, me olhou feio e disse, la em casa, eu vou lhe ensinar como fuma, pois você não sabe. Lembra-se que a gente estava feliz, por ser fim de semana, a fábrica não funcionava, depois do almoço nos sábados. Daí, o mundo desabou sobre mim, uma mistura de medo da surra que ele havia me prometido e tristeza por ter sido azarado, pois no primeiro cigarro, uma cena dessa. Aos sábados, eu chegava em casa, feliz e nesse eu estava arrasado, Dna. Albina, minha mãe, me disse; --- Aldo, o que aconteceu, você está diferente,você não vai almoçar, não mãe, então preocupada me perguntou o que aconteceu? Eu respondi com a voz embargada, o pai, me pegou com o cigarro na boca; Ela conhecia o velho e me disse, meu Deus, hoje ele vai te matar de pancadas; Apavorado , então, eu pensei, o velho todos os dias, de manhã, tem que descascar o milho e debulhar, no debulhador que havia , então fui pro paiol e fiquei cascando milho e debulhando, na máquina, pra amenizar a minha surra; Más nada adiantou.Depois de meia hora, escutei um barulho caracteristico, da sua chegada; Ele apeou do carrinho, pegou o reio de bater no animal e imagine a cena; O velho, mostrando irritação, com o chicote na mão, , gritou lá de fora, Aldo, Aldo vem aquí, "vagabundo", vou lhe ensinar fumar. Minha mãe me chamou e eu respondi, já escutei mãe. E sabendo do pior, fui ao encontro da féra. Ele estava com o chicote, na mão aquele de bater no animal , e me pegou por uma das mãos e eu de calça curta, eu ia levando reiadas, e ele falando bravo isso é pra você aprender me obedecer, eu te falei pra você não fumar?). Depois de uns CINCO minutos de tortura, ele me empurrou e eu fiquei chorando com as pernas cheias de vergão. minha mãe preparou uma salmora morna e passou nas minhas pernas, Aquilo pra mim, soou como um desabafo, e não pra educar. Daí, eu teimei, e passei a fumar pra valer. Fica aí a lição, seja enérgico, com o seu filho, tenha autoridade sobre ele, se preciso, deixe-o de castigo, tira-lhe a mesada más nunca lhe dê uma surra. Daí eu passei a fumar, mais por pirraça, fiz isso durante a mocidade e aos vinte e cinco anos, resolvi e larguei de vês o cigarro
MEIO DE TRANSPORTE NA ÉPOCA; Naqueles tempos, havia sim , muitas carroças com cavalos que serviam para fazer pequenos carretos, tambem haviam muitas charretes chiques, bem enfeitadas, puchadas por cavalos, que tambm eram enfeitados, que faziam transporte das protistutas, do seu bairro pro centro da cidade .Aquele lugar ,conhecido por ZONA, também era tratado de curva torta, que se localizava mais afastado da cidade e que não havia luz elétrica no bairro, onde elas viviam havia sim luz de lampião e as ruas eram escuras somente clareava quando circulava os carros que eram poucos, E alí vivíam em um Bairro chamado Vila Deienno onde elas faziam o seu trabalho. Eram tantas que os comerciantes ficavam felizes quando elas entravam nas lojas, pois eram cheias de dinheiros. Quantas vezes, eu tambem fui beneficiado, na minha época de engraxate, engraxando suas ricas botas ou sapatos, e elas eram legais e davam boas gorjetas. Aliás elas movimentavam a cidade, economicamente. Pois eram exigentes, andavam na moda e gastavam muito dinheiro, pois ganhavam fácil. BEM, EU PARTICULARMENTE, NÃO ACHAVA QUE A VIDA QUE LEVAVAM ERA FÁCIL, e a região inteira, visitava a curva torta, levando e gastando com elas fortunas. Diziam que a curva torta, era melhor do que a de Barretos e Ribeirão Preto ;.Foram anos de progresso em São Joaquim da Barra.
ESCOLA DE COMÉRCIO - Trabalhando na Fábrica de Calçados Rossini, comecei a estudar à noite na Escola tecnica de comércio São José, da cidade. Eu estudava contabilidade. Foram três anos até me formar. Daí, eu já com 18 anos, fazendo o serviço Militar "Famoso Tiro de Guerra", da cidade, fiz um teste no Banco de São Paulo e passei a minha segunda profissão, a de bancário. Foram tempos de muito trabalho, pois banco particular, desde aquela época, já sugava os funcionários. Trabalhava das 9 horas até a hora que tivesse serviço do dia ou até bater toda a contabilidade no processamento do movimento do dia que era executado tudo na agência e não tinha computador, internet e outras facilidades de hoje.
DA FÁBRICA DE CALÇADOS PARA O BANCO, foi uma nova etapa de minha vida, eu desde o primário, nunca parei de estudar, ao tirar diploma do grupo escolar, me matriculei na escola de comércio pra estudar contabilidade. Um certo dia, eu já com dezoito anos, meu irmão o Sinésio, foi até a fábrica que eu trabalhava, e me disse, " Aldo, o Banco de São Paulo está admitindo escriturários e meu padrinho Sr, Antônio Finóchio, quer que eu faça o teste, porém eu não estou estudando e eu não vou fazer, voceê quer ir no meu lugar? Mais que depressa eu disse sim. Tirei o avental de sapateiro, saí às pressa e fui fazer o referido teste. Desse período em diante passei a ser Bancário. Nessa nova vida eu fiquei por uns cinco anos mais ou menos.Nesse período eu já ttrabalhava no Banco e na Rádio São Joaquim. Onde surgiram muitas histórias pra eu contar e farei , por etapas;
ORQUESTRAS, BAILÕES, TRAJES LONGOS, MOÇADA ELEGANTES; -----Quero falar um pouco dos bailões, de formatura, bailes de debutantes, baile da velha quarda, os animados baile de carnaval: eram muitos animados, tipo baile de salão, animados na maioria com grandes orquestras, clubes todo eveitados a cacater; Club influentes, na época, la pelos anos 60 e 70 eram três: na , famasa São Joaquim da Barra; A Baixada(AAJ) o Espigão(São Joaquim F.Club e o considerado Elite, da cidade, que era o Tenis Club. Havia outros menores, como o Club da Raça e os das firmas; e todos ficavam lotados as quatro noites e nas duas Matinees(que era o carnaval de dia, para a molecada. . Foram anos, maravilhosos, de muita alegria e felicidade, um encanto: Havia muito confete, muita cerpentina e havia também lança perfumes, que era liberada na época. A moçada podia comprá-la na rua, nas banquinhas, ela era de metal, amarelo, sendo a mais famosa a marca Rodia .Os bailões de carnaval dos Salões eram regados de muita serpentinas, confetes e lança-perfumes, é claro com muita cerveja e outras bebidas da época.
ZONA DE SÃO JOAQUIM, LOCAL ONDE VIVIAM AS PROSTITUTAS; Com relação às mulheres da vida, as prostitutas, havia sim uma discriminação por parte das beatas, das famílias e religiões. Elas tinham um local isolado, um bairro, afastado, onde não havia luz eletrica , muito pouco conforto , sem saneamento básico ,porém corria muito dinheiro, pois a homarada, da região levava dinheiro pra elas que movimentavam o comércio e industria da cidade. As mulheres de família e as religiosas não gostavam delas, motivo de muitas brigas e separações, entre os casais , na cidade, pois homens sem juízo, perdiam a cabeça e gastavam fortunas na farra.Lembro-me que os pais muito rigorosos, quando uma filha, se perdia, ou o namorado lhe fazia mal como se dia na época, e não concordava em se casar, e assumir o filho, os pais as espulsavam, de casa, pois nessa época, isso era uma vergonha para as famílias e elas desorientadas e sem ter pra onde ir, mesmo sendo menores acabavam indo para a curva torta. Então elas eram oferecidas pelas dona da casa aos fregueses ricaços, por alto preço, por uma noite. Elas passavam a serem a principal atração da casa, sempre com muito sigilo.é muitas delas, se grávidas, provocavam o aborto, para viver na nova vida com mais liberdade
DIVERSÃO DO POVÃO ---Me lembro, tambem, que ali na minha cidade, haviam, na época, dois cinemas, Cine Santa Cecília e Cine Mongol, passava muitos filmes de Faroeste, sabe daqueles, que o revolver do mocinho nunca acabavam as balas. Passava tambem filmes do mazarope, do Ankito, do Oscarito e outros. Que era o programa preferido do pessoal,; Lembro-me de que, na Sexta feira passava um seriado, que quando chegava na melhor parte, terminava, a seção, ficando pra outra semana a continuação da história; Nós a molecada adorávamos os seriados. Havia tambem, no cinema, show de artista do rádio. Inclusive tivemos show da jovem guarda, onde se apresentavam, Wanderleia, Erasmo Carlos, até mesmo Roberto Carlos e outros; Lembramos que, naquela época não havia televisão então o cinema era a maior atração. Época que a mulherada gostava de acompanhar as rádio novela, a novela transmitida pelo rádio. To lembrando, tambem, havia um dia da semana que os cinemas passavam filmes pornô, que eram proibidos para menores. Ah a homarada iam em peso, pois naquela época a moçada decente, a sociedade, não permitia certas roupas mais escandalosas, então as meninas eram mais discretas. E pra ver certas cenas era so mesmo nos filmes proibidos para quem não eram somente para maior de dezoito anos.
FUI ENGRAXATE, DURANTE QUATRO ANOS; ----Fui engraxate até os treze anos, trabalhando aos sábados e domingos e feriados e durante a semana, das 7 horas até as 17 horas eu trabalhei de sapateiro, na fábrica de calçados ROSSINI, de segunda a sábado até o almoço, que em 1955 produzia mais de 200 pares por dia, era quase toda mecanizada, foram tempos difíceis.Nessa fábrica, trabalhei por uns cinco anos. De passador de cola , passei a trabalhar nas máquinas, onde me especializei na máquina de pontear calçados finos.
DE PASSADOR DE COLA À OPERADOR DE MÁQUINAS - Havia, na fábrica Rossini, mais de vinte garotos de 13 a 17 anos, na função de passador de cola, que consistia em passar cola nas solas dos calçados, pra depois serem coladas no corpo do calçado; Havia duas pontiadeiras que costurava esse solado ao corpo do calçado; Então, eu querendo trabalhar nessa máquina, comecei ajudando, no sábado, após o expediente, a desmontar as máquinas, lavar as peças com querozene e depois ajudava o titular a montar as máquinas, Depois de um certo tempo, o titular das máquinas, me chamou pra aprender numa das máquinas. Daí, dominei o serviço e passei a titular e foi promovido.
EMOÇÂO DE ME VER NA TELA DO CINEMA; --- Antes do filme principal, sempre passava um jornal mostrando o progresso da cidade; Um belo dia, a fábrica foi filmada, para difulgação , nos cinemas, antes de começar o filme principal, e nesse filme de divulgação, eu estava lá, executando o meu serviço e ai foi momentos de extrema felicidade, quando exibiam o documentário nos cinemas pra mostrar o progresso da cidade, um detalhe essa fábrica tinha mais de 50 empregados na época.Havia muitas fabriquetas espalhadas pela cidade, porem a maior era, sem dúvidas, a fábrica ROSSINI. São Joaquim da Barra é considerada a capital dos calçados, nessa época. Porem, ninguem poderia imaginar que um dia aquela industria de calçados, orgulho dos joaquinenses, pudesse virar cinzas, sim ela pegou fogo que destruiu tudo que ali existia.Foi o maior acontecimento na época, a destruição pelo fogo, daquela importante industria de calçados. Por sorte, aquele filme, feito anteriormente, veio servir pra eu provar na justiça que eu havia trabalhado cinco anos de sapateiro, onde eu pude contar como tempo para aposentadoria.
INÍCIO DE MINHA PROFISSÃO COMO LOCUTOR; ----Voltando, à história do cinema, quero contar que, no Cine Santa Cecília, que ficava na praça 7 de setembro, a principal praça, no centro da cidade; havia no alto do cinema, que era de dois pavimentos, um serviço de Alto Falante e eu com essa voz grave, que Deus me deu, um dia fui convidado pra fazer um teste no alto falante e ai, passei a trabalhar, COMO LOCUTOR, aos 17 anos de idade, no serviço de alto falante Santa cecília, que funcionava, sábados, domingos e feriados, sempre a noite. Começãva, aí a minha longa e apaixonante, história de radialista, passando depois pro rádio AM e depois pro FM, que vou contar, nos próximos capítulos. Detalhe - nos finais de semana, era interditada a rua em frente ao cinema e ali se reunia a moçada para a azaração que funcionava das 20,00 horas até às 22.30 horas, da seguinte maneira; As moças, sempre em duas, de braços dados, ficavam circulando de forma oval, na rua, e os rapazes, formavam um paredão e elas ao meio circulando em fila indiana; e alí rolava as paqueras e eu la no alto falante, dando um de cupido. Aí eles faziam seus pedidos musicais, em uma das bilheterias onde funcionava o estudio e eu ao vivo, dando o recado, mais ou menos assim" um alguem, vestido de calça de linho branca e camisa azul, sapatos marrom; ofereçe a uma garota, morena, cabelos pretos e longos, vestida de vermelho, a música ROBERTO CARLOS, O calhambeque, com prova de carinhos"; Daí, pra minha alegria, depois de alguns minutos, eu via, na outra bilheteria, o rapaz que havia oferecido a música e a garota de vermelho ao lado, ele comprando ingresso, pra leva-la, aio cinema, pra ver o filme e pra conquista-la de vez, dentro da sala de espetáculo, lugar preferido da moçada pra trocar longos beijos e carinhos, próprios da idade, aí então ele fazia sinal de positivo pra mim, dizendo --- deu certo. Detalhe, os pais na época eram muito rigorosos e a maioria da moçada, preferia ir o cinema, pelo isolamento e pelo escurinho que ficava durante o filme, pra trocar longos e deliciosos carinhos.(belos tempos).
A BOIADA E O BERRANTEIRO NA FRENTE CHAMANDO FAZENDO A CHAMADA; ---CASO CURIOSO;- pOR VOLTA DE 1955, AS BOIADAS, PASSSAVAM DENTRO DA CIDADE, BEM AO LADO DA PRAÇA PRINCIPAL, UM BELO DIA, EU ENGRAXANDO, defronte a igreja matriz, que era o ponto onde ficavam mais de 20 engraxates, presenciei uma cena de orror, Passava uma grande boiada, o berranteiro a frente, à cavalo, tocando o berrante, outros vaqueiros ao lado e outros ao fundo e a boiada seguindo o seu trajeto; De repente, uma gritaria, um apavoramento, quando uma das vacas se apartou do rebanho e começou a correr, desorientada, pela praça 7 de setembro onde nós estávamos. Foi aquele corre-corre e os vaqueiros tentando voltá-la ao rebanho e ela seguia , correndo sem rumo e em várias direções; Aí eu corri e entrei na igreja com outros moleques pra nos proteger -mos e derrepente, aquele animal entrou dentro de uma loja, em frente à igreja, cheia de pessoas, fazendo um estrago DANADO, naquela, loja e na correria e no vulco-vulco, aquele animal acabou matando uma funcionária da loja. Foi assundo mais comentado daqueles tempos. Foi quando proibiram boiadas , de passar por dentro da cidade.
DIVERSÃO DA MOLECADA - Andar de bicicleta, caçar canarinhos, na redondeza, foi nessa época que comecei a pegar gosto pelas aves iniciando aí a minha paixão por essas encantadoras criaturinhas. A gente não tinha muito tempo pra se divertir, pois tinha que trabalhar pra ajudar no sustento da família. Lembro-me que nós morávamos perto do campo de aviação e na época, havia uma movimentação grande no aeroporto. A molecada, uma pobreza, danada: quando descia aviões de passageiros nós corríamos ao aeroporto, pois sempre sobrava lanches e refrigerantes que a gente só se via naquele lugar. Eu não entendia, como aquela gente rica, não comia quase nada e acabava sobrando pra nós, a molecada, que triturávamos tudo que sobrava. Uma deícia que so comíamos ali naquele instante.
MEIO DE TRANSPORTE MAIS USADO NA ÉPOCA. --- O trem de passageiros, tambem conhecido por "P", CHAMADO TAMBEM DE MARIA FUMAÇA ,;- Eu e meus dois irmãos, esperávamos ansiosamente, a chegada da maria fumaça que era o trêm de ferro, que vinha lotado de passageiros e era uma boa oportunidade de vendermos as nossas bananas. Quando a maria fumaça, parava na estação de S.Jm.da Barra, era aquele corre-corre, de vendedores, era a maior concorrência. Más tinha venda pra todos. lEMBRO-ME DO sR. zÉ PRETO, que vendia grosélia, uma espécie de suco, outros vendia salgados, doçes, queijos etc.
RETORNANDO AO SERVIÇO DE ALTO FALANTE - Eu trabalhava o dia todo na fábrica de calçados, de 7 horas as 17 horas, de bicicleta, andava uns treis km, até em casa e voltava pra cidade pois nessa epoca eu estudava à noite, na escola de comércio, onde eu fazia contabilidade. Aos sábados. domingos e feriados, eu trabalhava no Serviço de Alto Falante Sta. Cecília que funcionava das 8 às 10,30 horas. O dono do alto-falante sobrevivia de pedidos musicais e com propaganda e eu ganhava uma porcentagem sobre o faturamento
SERVIÇO MILITAR DURAÇÃO UM ANO; ---COM DEZOITO ANOS eu, estava fazendo o Tiro de guerra, serviço militar com duração de 12 meses, lembro-me do sargento MOURA, durão, exigente, enérgico, fazia a tropa rasteijar, jogar futebol americano, que era mais ou menos assim, a gente pegava a bola, que era oval e saia correndo em direção ao gol e toda a tropa, mais de 60 homens, correndo atraz da gente pra tomar a bola, aí ela era passada para outro colega da mesma equipe que corria em direção ao gol, havia momentos que a gente caia e todo mundo pulava em cima pra tomar a bola. Ao término da partida toda tropa estava exausta e suja como um porco.; Detalhe, se alguem não estivesse sujo, o sargendo mandava toda tropa sujá-lo . ao máximo.Uma loucura!
DO ALTO FALANTE PARA O RÁDIO - Um certo dia, o dono da Rádio São Joaquim, Sr. João Molina, cuja admistradora era a sua mae, Dna. Nuca, me convidaram para trabalhar a noite na Rádio. Foram momentos de muita emoção e transformação em minha vida.
Naquele tempo, o rádio era ao vivo, tanto os programas de studio como os de auditório, Sendo que o locutor falava ao vivo fazia as propagandas e rodava os discos de vinil, que surgiram. primeiramente os de duas músicas lado a e b e depois os de quatro músicas, e mais à frente os de 6 músicas de cada lado.
PROGRAMA DE RÁDIO; --ROMÃNTICOS DA NOITE - Este era o nome do meu programa de duas horas todas as noites, que eu apresentava, que tinha uma grande audiência com inicio as 8,30 as 10,30 horas. O faturamento da rádio nesse horário era com propagandas e atendimentos de pedidos musicais. Pra se ter uma idéia os interessados em oferecer músicas pagava o valor que dava pra comprar um disco nas lojas. E esse horário era considerado nobre, por issso era mais caro. Lembro-me que a mulherada da curva torta, era as maiores freguesas desse horário, pois quando uma da casa fazia aniversário a dona aproveitava para promover o bordel.
PROGRAMA CAPEÃO DE AUDIÊNCIA; ---CLUBE INFANTIL Esse foi o programa que eu mais gostei de fazer, ele era feito somente de crianças que tinham talento, ensaiavam durante a semana, com um acordião, um violão e um pandeiro, era o trio do Ze pintor. Auditório ficava lotado de crianças muitas delas com as mães, e o programa era ao vivo, no rádio, aos sábados das 06,00 horas às 08,00 horas da noite; Tinha uma grande audiência. Lembro-me com saudade, de quando eu chegava para fazer a abertura do programa; éra uma energia, uma gritaria e a molecada vibrava, com a música que eu cantava na aberttura do programa; que éra a música do Carequinha "Criança Feliz", aí eles cantavam juunto comigo. Era uuma loucura.
TALENTO LOCAL - Aos domingos havia um ao vivo tambem apresentado pelo Sebastião Marconi, que era para os cantores adultos .
MORAL DOS RADIALISTAS - Por não haver televisão, ou se havia, era restrito aos mais endinheirados, os radialistas eram muito reconhecidos pela galera, os ouvintes tinham muito carinho pelos locutores. Digo, sem exageiro, que muitas vezes me convidavam pra festas de aniversários, casamentos, formaturas e outras, sendo que eu nem conhecia os festeiros e ao chegar na festa, era tratado com tanto destaque que eu ficava sem graça ou espantado, pois me consideravam como um da família.
COMÍCIO DE POLÍTICO - Certa vez, um representante de um candidato à governador, me convidou pra animar o comício que seria realizado na praça central de S.Jm.da Barra; Eu com 17 anos, animei o comício e o candidato me convidou pra fazer um texte na Rádio Tupi, em São Paulo, alegando que meu timbre de voz grave, era o que a Rádio Tupi, dava preferência. Por ser menor, pediu uma carta de autorização para o meu pai e me levou pra Capital. Marcado o texte para cinco dias após nossa chegada na capital, Eu com 17 anos, longe de casa, ligado e atuante junto a juventude, sem costume de ficar tão longe de casa; faltando dois dias para o texte, eu arrumei minha mala , me despedi da família onde eu estava e me mandei de retorno à minha terrinha, perdendo, talves, a grande chance de seguir a carreira no rádio profissional. Detalhe guardei por muito tempo essa carta do advocado do político, enderessada à Radio Tupí de São Paulo.
AOS VINTE ANOS PASSEI A SER BANCÁRIO; Certo dia, eu estava na fábrica de calçados, por volta das 10 horas, no ano de 1962 quando chegou meu irmão Sinésio, querendo falar comigo: ele disse " Aldo você está estudando, tem facilidade com números e com papeis, tem uma oportunidade pra fazer um teste, no Banco de São Paulo, você quer ir fazer?", mais que depressa, saí da fábrica e fui fazer o tal teste, entre uns 10 candidatos, havia duas vagas; para minha surpresa e felicidade, eu fui aprovado, e daí uma semana, eu já havia trocado de profissão, deixando a de sapateiro para ser bancário.Nesse Banco, trabalhei até 1970, quando atravez de concurso público consegui o meu maior sonho que foi ser aprovado para ser funcionário Banespa, que era o sonho de todos bancários dos bancos particulares. O Banespa, na época, era sinônimo de estabilidade, ótimo para fazer carreira , remunerava bem os seus funcionários, com um plano de cargos e salários bem definidos. Lembrando, que eu nunca deixei o Rádio, pois era a minha paixão, sempre levei as duas profissões, pararelas.
AGUARDE OS NOVOS CAPÍTULOS DESSA HISTÓRIA;

Aguardem o próximo capítulo!