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CÂNCER E SEXO
02/12/2015 15:14
SEXO APÓS A DESCOBERTA DO CÂNCER
40% DAS MULHERES SOFREM REJEIÇÃO SEXUAL OU ABANDONO – Problemas afetivos com companheiros são frequentes nas pacientes que passam por tratamentos de quimioterapia ou radioterapia – por Paula Felix/ ESTADÃO/02/12/2015.
Quando atinge uma mulher, o câncer de mama não interfere apenas no corpo dela e em sua saúde. Há pacientes que, além de conviver com a transformação física, precisa enfrentar o afastamento do parceiro, o preconceito profissional e a dificuldade para a realização da cirurgia reconstrutora da mama. Todos esses fatores mostram que, tão importante quanto o tratamento cirúrgico e medicamento, o auxílio psicológico é fundamental.
Os problemas afetivos são um dos mais frequentes. Pesquisa do Hospital do Câncer de Barretos e do centro oncológico americano MD Anderson Câncer Center mostrou que 40% das mulheres que estão fazendo quimioterapia ou radioterapia sofrem rejeição sexual ou são abandonadas pelos companheiros.
Casada há 28 anos, a recepcionista Elisangela Carvalho, de 41 anos, recebeu o diagnóstico em 2013 e viu o marido se afastar ao mesmo tempo em que acompanhava as mudanças que a doença fazia em seu corpo “Eu fiquei careca e com 30 quilos a mais. E foi aí que começou a afastar de mim.”.
Apesar de uma separação que durou sete meses, Elisangela que é mãe de dois jovens, conseguiu transformar a tristeza em força e se diz mudada. “Aprendi que não posso mudar ninguém, mas não posso me ferir. Hoje, se eu não tiver com quem ir ao cinema, vou sozinha. No meio de toda essa tormenta, vi que podia apenas passar pelo câncer, e não vivê-lo”.
PRECONCEITO -. A aposentada Eunice Helena de Moraes, de 60 anos, trabalha montando canapés em bufês, mas, por causa da doença não pode carregar peso nem ficar em ambientes quentes. Isto tem feito algumas empresas recusarem seu trabalho. “Andei me apresentado para alguns bifes e avisei que estou limitada. Dei meu telefone e não me chamaram. Se eu não falar que tenho esse pequeno problema antes, pode ser pior.” O câncer apareceu em sua vida em 2012 e a retirada da mama direita veio no ano seguinte. Paciente do Hospital Pérola Byngton, ela aguarda o momento para fazer a cirurgia reconstrutora. “Faz falta, porque um lado fica mais pesado do que o outro. Mas penso que tudo tem a sua hora. O pior já passou”.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo diz que a paciente ainda não tem condições de fazer o procedimento por “condições clínicas e anestésicas”.